NO SERTÃO: Projeto “Oxe, Eita e Vixe: A Ciência do Nordestinês” valoriza a cultura e conquista o 1º lugar na II Fecitec do IFPB – Campus Sousa

Crédito da Imagem: Divulgação

O projeto nasceu do desejo de reconhecer a linguagem nordestina como um símbolo de identidade, resistência e memória afetiva, demonstrando que o “falar do povo” é também uma forma de ciência, cultura e história viva

A força da linguagem e o orgulho de ser nordestino foram os grandes protagonistas da II Feira de Ciência e Tecnologia (Fecitec) do IFPB – Campus Sousa, com o projeto “Oxe, Eita e Vixe: A Ciência do Nordestinês”, da Escola Municipal Maria Estrela de Oliveira, situada na comunidade rural Lagoa dos Estrelas. Sob a orientação da professora de Língua Portuguesa Idianara Freires da Silva e a direção de Kanidja Estrela Fernandes, o trabalho conquistou o 1º lugar na Categoria II, sendo a única iniciativa premiada entre as escolas públicas.

O projeto nasceu do desejo de reconhecer a linguagem nordestina como um símbolo de identidade, resistência e memória afetiva, demonstrando que o “falar do povo” é também uma forma de ciência, cultura e história viva. Ao longo do percurso, os estudantes do 9º ano mergulharam nas raízes do próprio sotaque, investigando expressões, ditos populares e modos de dizer que dão ritmo e alma ao sertão.

As atividades envolveram entrevistas com moradores antigos, rodas de conversa, registros orais e pesquisas linguísticas, resultando na criação de um glossário ilustrado e comentado — um verdadeiro repositório de sabedoria popular. As expressões “oxe”, “eita”, “vixe” e tantas outras ganharam significado ampliado, contextualização histórica e notas culturais, revelando como o modo de falar traduz o modo de viver do nordestino.

Entre as inovações do trabalho, destaca-se a adaptação do glossário para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), tornando o projeto uma referência em acessibilidade e inclusão linguística. A iniciativa promoveu um diálogo intergeracional, envolvendo famílias, professores e alunos em uma experiência de pertencimento e valorização da própria fala.

Mais do que um prêmio, o reconhecimento representa a vitória da cultura popular sobre o preconceito linguístico. O “nordestinês”, tantas vezes alvo de estereótipos, foi celebrado como patrimônio imaterial, um tesouro da oralidade que merece ser preservado e estudado.

A professora Idianara Freires destacou que o objetivo maior foi “ensinar os alunos a terem orgulho da própria voz e compreenderem que cada palavra dita carrega história, emoção e identidade”.

O êxito do projeto reafirma o papel da educação pública como espaço de resistência, valorização cultural e transformação social, mostrando que ciência e tradição caminham lado a lado quando o saber nasce das raízes do povo.

“Oxe, Eita e Vixe” é mais do que um projeto escolar — é um manifesto poético em defesa da língua, da cultura e da alma nordestina.  

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