Poeta e cineasta, Bruno Nogueira, destaca força da cultura popular e...
Poeta e cineasta, Bruno Nogueira, destaca força da cultura popular e da preservação ambiental no Sertão da Paraíba
Com atuação que atravessa a poesia, o cinema, as artes visuais e o ativismo ambiental, Bruno se destaca pela forte relação com o sertão e pela missão de registrar, em versos e imagens, o cotidiano, as tradições e a memória do povo sertanejo
O poeta, cordelista e cineasta Bruno Nogueira, natural de São José da Lagoa Tapada, no Sertão da Paraíba, vem se consolidando como uma das principais vozes contemporâneas da literatura de cordel e das artes populares no Estado. Com atuação que atravessa a poesia, o cinema, as artes visuais e o ativismo ambiental, Bruno se destaca pela forte relação com o sertão e pela missão de registrar, em versos e imagens, o cotidiano, as tradições e a memória do povo sertanejo.
Seu primeiro contato com o cordel aconteceu ainda na juventude, durante uma debulha de feijão em sua cidade natal, quando leu, a pedido de um amigo, o cordel O vaqueiro corajoso que brigou com o demônio, de José Pinto da Costa. “A partir dali me apaixonei pelo universo poético das histórias contadas em versos”, relembra. Pouco depois, conheceu o poeta popular Cícero Laurindo, responsável por fortalecer ainda mais seu vínculo com a literatura popular.
Entre os temas presentes em sua obra estão o cotidiano sertanejo, as lendas da região, campanhas políticas, memórias locais e, mais recentemente, a Serra Santa Catarina — um parque estadual rico em biodiversidade e que tem inspirado suas produções. “Esse trabalho é um apelo social pela preservação da natureza”, enfatiza Bruno.
Para ele, o cordel permanece como instrumento vivo da cultura nordestina. “Muitas famílias guardam seus livretos e passam essas histórias para as novas gerações. Isso preserva memória, identidade e poesia”, destaca.
Acesso, inclusão e literatura
Bruno também é autor de livros em Braille, Buscando as Letras (2017) e O Tempo Descreve e a Poesia Refaz (2020), ambos escritos em parceria com sua esposa, a pedagoga Maria Sá, fortalecendo a inclusão de pessoas com deficiência visual no universo literário.
Do cordel ao cinema: uma trajetória premiada
No audiovisual, o artista iniciou sua trajetória em 2021, na oficina Viação Paraíba, idealizada por Torquato Joel. No ano seguinte, dirigiu o curta Milagres, durante oficina em Nazarezinho. Em 2023, lançou o documentário Labuta, assinando roteiro e direção, obra que circulou em diversos festivais e conquistou o prêmio de Melhor Filme na Mostra Nordeste, em Pernambuco.
Em 2024, atuou em produções como Tempo de Vaqueiro, Trapiá, Moagem e Versos Sem Fronteiras, além do longa Anjo Pagão. Bruno também dirigiu videoclipes, como Reggae do Alvorecer, da banda Hamurabii, e Vamos Todos Preservar, música de sua autoria, reforçando seu engajamento ambiental.
Ativismo ambiental e defesa da Serra Santa Catarina
Além das produções artísticas, Bruno é um dos defensores mais ativos da preservação da Serra Santa Catarina. Seu trabalho inclui ações ecológicas, plantio de árvores e cordéis dedicados à proteção da mata nativa, da fauna e das nascentes que abastecem o sertão paraibano.
Entre as obras recentes, destaca-se o poema-cordel Serra Santa Catarina – Nosso Santuário Sagrado, no qual exalta as belezas naturais, as lendas e os elementos históricos da região, reforçando o pedido de preservação do bioma.







