Mulher que comanda moagem há 13 anos em São José da Lagoa Tapada é tema de filme

Ao longo dos anos, a moagem se consolidou como ponto de encontro de agricultores, meeiros e famílias que dependem da cana-de-açúcar para seu sustento

Está em produção, no sítio Roncador, o filme “A Doce Luta de Aparecida”, com direção e produção de Bruno Nogueira, roteiro adicional e direção de fotografia de Ramon Batista. A obra retrata a trajetória de Maria Aparecida, mulher que há 13 anos comanda uma moagem de cana em São José da Lagoa Tapada, no Sertão da Paraíba.

No município, o cheiro adocicado da cana moída se mistura ao suor do trabalho e à perseverança de uma mulher que transformou sua vida em exemplo de coragem e resistência. Filha da terra, Aparecida cresceu cercada pelas plantações e pelo ofício artesanal de produzir rapadura, mel e outros derivados da cana.

O que para muitos parecia um trabalho exclusivamente masculino, ela transformou em espaço de luta e conquista feminina. “No começo, muita gente não acreditava que eu daria conta. Mas eu sempre acreditei na força do meu trabalho”, conta.

Ao longo dos anos, a moagem se consolidou como ponto de encontro de agricultores, meeiros e famílias que dependem da cana-de-açúcar para seu sustento. Mais do que um local de produção, tornou-se um elo comunitário, onde histórias se cruzam, amizades se fortalecem e o doce da rapadura carrega o sabor da cultura nordestina.

O caminho, no entanto, não foi fácil. Secas severas, custos altos e as dificuldades do mercado desafiaram Aparecida a cada safra. Ainda assim, com firmeza e dedicação, ela encontrou alternativas para continuar produzindo e honrando sua história.

Hoje, o nome de Aparecida é lembrado não apenas pela qualidade dos doces que saem da sua moagem, mas também como exemplo de liderança feminina em um setor ainda marcado pelo trabalho pesado. Sua jornada inspira outras mulheres sertanejas a ocuparem espaços e mostrarem sua força.

“A moagem é parte da minha vida. Enquanto eu tiver saúde, vou continuar firme nesse caminho”, afirma, sorrindo diante do vapor que sobe do tacho de cobre e do barulho ritmado do engenho.

Assim, a doce luta de Aparecida segue como símbolo de resistência, tradição e orgulho para São José da Lagoa Tapada.